Ela te deu espaço. Um lugar ao lado, duas parteleiras do armário e todos os compartimentos de seu coração. Te deu apoio quando foi preciso, te deu a mão pra caminhar junto e abraçou o mundo de planos bonitos que você apresentou. Ela ignorou os rumores passados, apontou e remou pro futuro, preferiu pagar pra ver as delícias do presente a dois. Mas agora você esta aí, se distraindo com o horizonte, talvez dramatizando que a vida é mesmo difícil.
Ela, que não é fácil, admite que contém malaguetas em seu temperamento, reconhece os que se arriscam a lidar com seus ensaios tempestivos e nessa, meu amigo, você foi condecorado. Ela sabe, e você também, que ainda assim, como "A Ana" ela é doce quando doce e sabe do que você gosta. Café forte, música baixa, terças pro futebol, torta de amendoim, beijo no pescoço. Ela sabe te ganhar. Assim como também se vê conquistada, desarmada. Colo pra dormir, suco fresco de limão, barzinho aos fins de semana, massagem nos pés. Dos paparicos recíprocos. Com tanto infinito particular na balança, ela, sem hesitar, reinventou seus rumos. Apagou suas burradas, perdoou seus passos errantes, considerou seus diferenciais, venceu o medo do amanhã e apostou num sentimento nunca antes vivido. Ela, que não se arrepende nem um minuto, vive de aprender com você. Aprender como ignorar uma provocação, como pensar vinte vezes antes de proferir palavras tortas, como fazer noites de chuva virarem madrugada. Ela compreende teus defeitos, admira sua mansidão, aprendeu tuas receitas, entrou pra tua história e te nomeou personagem principal da dela. E como é lindo os capítulos que vocês escrevem juntos. Pintando de sonho a vida real, driblando os dias nublados, legitimando a fortaleza de um sentimento verdadeiro. Se não me engano, é este mesmo sentimento que vence os atritos triviais, a maldade alheia, o possível cansaço de dias iguais. Não lhe importa a opinião avessa, ela aposta no seu sucesso, topou a futura viagem para a Indonésia, te convenceu de conhecer Paris. Soube que ela até mudou de idéia sobre a idéia de casamento, só não abre mão de não alterar o sobrenome.
Sim, sei que em muitas coisas você cedeu também. Mas há tanta vantagem pra você relevar. No entanto, dominado pelo orgulho, você continua aí, perdendo noites de sono, confundindo pirraça com solidão. Pensa comigo, meu caro. Não há motivo pra essa birra agora. Se ela tem um lado que arde e expressa ciúme, é porque cara feia não lhe convém. Se reclama do seu cigarro, é porque te quer bem. Se te cobra mais tempo junto, é porque o muito é pouco quando se está junto de quem faz o tempo e o pensamento voar. Se não te procura após uma briga, não é castigo, meu amigo, ela flerta com a saudade. Quer ver se te inquieta também.
Nos dias deste silêncio bobo, fez uma carta contando tudo que adora no teu jeito, revelou aquela foto na praia, comprou seu bombom preferido, ensaiou o beijo mais bonito.
Você me pergunta se no meio desse orgulho desnecessário ela ainda pensa em você? Cara, desconfio que ela te ama.
( Yohana SanFer / Título Original do texto: She loves you )
( Título: Padre Fábio de Melo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário