heeey apple :B

" (...) Por que no fundo eu sei que a realidade que eu sonhava afundou num copo de cachaça e virou utopia. "





domingo, 27 de outubro de 2013

Porque… Se eu te perder, eu me perco. '



Parabéns meu amor. Que Deus ilumine todos os seus passos e que os anjos te protejam hoje e sempre. -

Querer viver sem nenhuma dor é querer viver sem amar.

Por bem, decidiram então pelo fim. Depois de ininterruptos cinco anos. O primeiro foi de tremedeira nas pernas. No segundo, atingiram o nirvana sexual. Com o terceiro veio junto o apartamento. No quarto, desejo mútuo por terceiros. Finalmente, o quinto mostrou que haviam se tornado dois. Definitivamente, duas novas perspectivas de vida.

Ela não pediu que ele ficasse. Ele chorou porque sempre foi o pilar sentimental do casal, e só por isso. Ela ficou com o apartamento. Ele com o labrador, com nome de ex-craque do Internacional. A última coisa que ele fez foi catar seus discos da Legião Urbana. Ela deu uma última olhada em volta. Ele entregou a chave. Ela deixou escapar que nunca vai esquecê-lo, de alguma forma. Ambos relembraram o plano de provar pra todo mundo que dava para coabitar romanticamente. A porta se fechou dando fim ao que não tinha fim.

Ela decidiu rever tudo. Jurou que seria eternamente fiel à liberdade. Agora, madruga suas noites em discotecas, na companhia de estranhos e envolta em novos braços peludos. Aos sábados, dorme até meio dia para esquecer a antiga rotina de acordar cedo, fazer jogging no Parcão e almoçar os bifes maravilhosos da mãe dele. Não assiste mais novela, passou a usar mais vestido, começou a ouvir Bossa Nova e cogita tatuar o pé.

Ele planejou uma revolução. Decidiu conhecer alguém novo, ligou para uma garota de programa. Hoje, não fica um dia sem compartilhar o violão com velhos amigos no Bar dos Podres. Invariavelmente, passa os domingos de chuva na cama, na companhia do Falcão, uma garrafa de Merlot e A Montanha Mágica, de Thomas Mann. Perdeu seis quilos no último mês, deixa roupas penduradas, trocou de emprego e cogita passar o feriadão em Ilha Bela. E suas vidas continuam, sob nova direção.

(02)

Outro mês se foi, e eles não tem notícias e nem previsão de reprise. Ele é grato a si mesmo pela implosão das grades. Ela sente um mundo de possibilidades inflando ao seu redor. Ele pede aos amigos que digam a ela que até está bem, levando, obrigado. Ela não oculta uma certa tristeza no olhar na frente deles. Ele espera que ela esteja feliz e bem acompanhada, com alguém decente, que tenha ao menos o carinho que ela merece. Ela torce secretamente para que tão cedo ele não encontre uma garota “melhor”.

Querendo ou não, ele pensa nela de quando em quando. Toda noite, se aproxima do velho apartamento com o labrador Falcão, e questiona as luzes apagadas já na tarde-noite. Fica imaginando se aquela dor crônica no pescoço curou, se tem comido beterraba e controlado direitinho a tireoide, conforme prometeu que faria. Agora, desconfia que as novas garotas da sua vida serão meros passatempos. Sente falta de ouvir aquela voz meio gasguita. Chega a pegar o telefone. Não telefona.

Bem ou mal, ela sente sua ausência. Toda noite, evita estar em casa lembrando que o espaço do apartamento triplicou por um milhão. Sente falta de camisetas espalhadas aleatoriamente. Fica lembrando ele cozinhando espaguete al pesto, ou quando ele sentava na janela dedilhando “Tears In Heaven”, ou assistia o colorado comportadinho, roendo as unhas sem parar, os pés no sofá. Hoje, coleciona casos com cafajestes fajutos. Sente falta dos sermões que levava por andar descalça no chão frio. Verifica o funcionamento do telefone: tu-tu-tu.

Presos pela liberdade, prosseguem cada um na sua, conectados por um fio invisível que não conduz mais eletricidade. Um fio de saudade dissonante e a certeza de que, amor como aquele deles, não acontece no tocar de uma varinha de condão.

(03)

Resistiram sóbrios e sozinhos toda data comemorativa que pudesse aflorar qualquer restinho de contrição pela separação. Natal, réveillon, Valentine’s nos States, dia nacional dos namorados, sei lá, Halloween também – podia ser uma data sem nada a comemorar. Aliás, não perdiam uma festa a caráter naqueles Halloweens idiotas. Ela sentia vergonha vestindo diabinha, ele debochava dizendo que combinava, até.

A ausência um do outro já não incomodava como água oxigenada no joelho de feridas abertas. Embora os dois soubessem que o buraco estava lá, num cantinho vazio do coração e no confiscado dilatar de pupilas de cada um. Mesmo após treze meses.

Ainda assim, ela guinou 150 graus na profissão. Formou-se nutricionista e abriu seu consultório com a ajuda do pai. Ele, que ia improvisar uma banda para tocar na festa, nem compareceu à colação de grau. Ele terminou seu processo de reconstrução da autoestima indo até São Paulo assistir ao Radiohead. Ela ficou sabendo. Ambos mudaram e fizeram coisas que nunca imaginaram que fariam – coisas de solteiro, até porque nunca se imaginaram solteiros. Porém, as raras notícias já nem doíam tanto.

(04)

Hoje, ele resolveu iniciar processo seletivo para um novo relacionamento. Sexta-feira sim, e outra também, prepara jantares informais com meninas aspirantes a namorada. Belas garotas em versões loira, morena, castanho-claro, e até de cabelo pintado numa cor que ele se esforça para discernir. Muito embora com personalidades pouco aprazíveis ou simplesmente inconciliáveis. Não consegue descobrir a tal coisa que o desagrada. Ela vem à memória.

Agora, ela sente vontade de encerrar o balancete afetivo interno. Não sabe exato por onde começar, decerto a ânsia de inaugurar algo novo na direção do amor. Começa abrindo uma geladeira semi-abundante e termina logo ali, folheando páginas de um jornal de ontem. Questiona se não percebe os sinais ou se sua luz anda refletindo sombras demais. Aberta a sugestões, recusa o convite de um homem aparentemente mais maduro e educado do que seu ex. Ele ainda é parâmetro.

Separados, cada um em sua casa, simultaneamente os dois compartilham a impressão de não ver tão cedo uma placa informando para que lado se encontra um recomeço afetivo. Enquanto isso, o mundo não para de girar, sem gosto de morango mordido.

(05)

A gente nota que respirar vale a pena quando surpresas que estavam à espreita se revelam em esquinas, ou acontecimentos responsáveis por uma breve disritmia cardíaca saltam aos olhos como o farol de um pesqueiro na escuridão do mar.

Dois anos desde o traumático término, toda rima romântica, até as mais clichês, voltam a fazer sentido. Contrastando com as mais inferiores minúcias de um velho amor que há pouco andava em círculos, e que agora percorre uma longa estrada em linha reta – dessas que transformam todo velho amor em recordações de sorriso breve e silencioso.

Ela passou quatro meses tentando escapar do rapaz que agora chama carinhosamente de “môr”. Um cara mais jovem, que luta pela lei. Compensa sua pouca habilidade em manusear sentimentos com um espírito engraçado e positivista. Não consegue mirar nada além de uma taça meio cheia. Ela sente-se feliz e incompleta como toda mulher beirando os trinta. Seus lábios voltaram a se abrir involutariamente. Mas não pensa em dividir tarefas domésticas novamente. Espelha-se em Rita Lee e Roberto de Carvalho.

Ele se pegou matutando uma frase do Huxley dias atrás. Algo afirmando valer a pena enfrentar a tristeza para reconhecer a felicidade. Aplicou a teoria em sua nova gatinha que, diga-se, ainda não consegue chamar de “amor” ou coisa assim. Quando muito uma paixão. Arrebatadora, claro. Gamou nessa garota por acidente, como ele mesmo diz, em tom gracejador. Está pensando em casamento, mas acha que não devia. Se deita todas as noites com as mãos na nuca, com a intuição de estar bebendo o vinho da sua juventude. Seu braço arrepia toda vez que pensa na química sexual com a nova parceira.

(06)

Preciso contar a vocês que se viram, jantando em uma sexta-feira de céu estrelado na churrascaria Barranco. Ele e a namorada, ela e o namorado dela. Ambos chegaram a 200 mil batimentos por minuto ao trançar os olhos teimosos em olhar, mas nenhum dos dois lamentou, de alguma forma, estar sentado na mesa errada.

Ela ainda lembra dele quando alguém chupa seu dedão do pé. Ele se recorda dela toda vez que beberica um drinque com abacaxi e leite condensado. Os dois sabem que é perda de tempo tentar esquecer. Que sentir saudade não significa que melhoraram como pessoa, que agora magistralmente seus temperamentos são compatíveis e o correto seria viver aquilo tudo de novo, do êxtase à dor.

Significa apenas que foi bom, que foi inesquecível. E que qualquer amor que força as cordas vocais a produzirem um eu te amo não tem fim, mesmo acabando sempre do mesmo jeito, dividido por dois.


( Gabito Nunes )

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Eu quero amar, amar perdidamente! Amar só por amar: aqui... além .

( Imagem: Livro: Senhora - José de Alencar )


( Título: Florbela Espanca )

♫ ' Pobre de quem me tiver depois de você.

        

        Não me compreendem. Principalmente ele: “Como pode um ser tão singular interessar-se sempre pelos plurais?”, pergunta. Mas tenho me sentido em paz. Não sofro por amor, apenas sinto. As saudades não me machucam. Traições são irrelevantes, prezo pela lealdade. Desinteressam-me as relações convencionais. Minhas paixões continuam extremadas e temperando meu comportamento, mas tenho experienciado solitariamente meus estados. Temo fazer mal ao Outro com minhas hipérboles e, ao mesmo tempo, sei quão meu é todo este processo.

R. me acha paradoxalmente sensível, mas desalmada. Explico que procuro dar aquilo que preciso, não o que querem de mim. E desejam minha alma, mas eu só entrego o meu corpo: minha alma é propriedade da minha escrita. As palavras me governam, não há como libertar-me disto: meu inferno particular guarda este aconchego.

Ontem, chorei antes de dormir. Chorei por falta de qualquer emoção, o peito estava vazio e a conformidade me entristeceu. Hoje, apesar de todas as nuvens cor de chumbo, acordei leve, esfuziante e seduzível. Mas lembro que R. nunca vai me perdoar por não ter sido ele. Por não ter tido o tempo que precisava. Por não ter causado qualquer sensação que me tirasse da zona de conforto. Por não ter estado dentro do meu corpo nem ter arrancado qualquer suspiro de paixão. R. nunca saberá o meu sabor além da sua imaginação.

Respiro fundo olhando pela vidraça o vento alvoroçado. Percebo a crosta de poeira sobre meus livros, revisito alguns capítulos, penso num ensaio de fotos absolutamente original, prendo-me nas imagens e me divirto infantilmente com as cenas. Todos os telefones estão tocando. Não os atendo, estou ausente do mundo de fora agora. "T". deve estar chegando, tem a chave de casa. Quero arrebatá-lo de prazer, fazer amor com alarde.

(R., me perdoa por eu não precisar do teu perdão. Você chegou tarde).

( Marla Queiroz )
( Título: Música: Roberto Carlos )


Depois de todas as tempestades e naufrágios, o que fica em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro.

( Imagem: Marla Queiroz )


Trago no corpo
Cicatrizes subcutâneas.
Trago no olhar
Uma tristeza subterrânea
Que o meu sorriso
Se empenhou
Em aniquilar.

Eu nunca fui vítima de nada
Mesmo quando me afoguei
Por não saber nadar.
Eu escolhi o mergulho
E corri o risco
De vivenciar minhas emoções
Em alto mar.

Trago na alma
Alegrias decorrentes
De uma parca memória.
Tenho um passado pesado
Mas reescrevi minha história.

Trago no peito
Apenas amor, gratidão.
A vida me ensinou
Que sobreviver à derrota
É uma grande vitória:
Superação.

 ( Marla Queiroz )

( Título: Caio Fernando de Abreu )

Dor não tem nada haver com amargura. Acho que tudo que acontece é feito pra gente aprender cada vez mais, é pra ensinar a gente a viver. Desdobrável. Cada dia mais rica de humanidade.



Quando nasci um anjo esbelto,desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira. Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada. Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir. Não sou tão feia que não possa casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e ora sim, ora não, creio em parto sem dor. Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos- dor não é amargura. Minha tristeza não tem pedigree,já a minha vontade da alegria, sua raiz vai ao meu mil avô. Vai ser coxo na vida é maldição pra homem. Mulher é desdobrável. Eu sou

( Adélia Prado )

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Eu não vim sozinho, trouxe minhas lembranças junto. Se há algo que aprendi, é que você não pode negar a forma em que o passado dita cada amanhecer.


( Livro: A culpa é das estrelas )

♫' Há uma luz no túnel dos desesperados. Há um cais de porto pra quem precisa chegar



É uma noite longa pra uma vida curta, mas já não me importa basta poder te ajudar. E são tantas marcas que já fazem parte, do que sou agora mas ainda sei me virar. Tô na lanterna dos afogados. Tô te esperando vê se não vai demorar.' ♪

( Música: Lanterna dos afogados )

Ninguém escreve bem ou mal, escreve o que sente. E nem sempre o que a gente sente é bonito.





No último segundo você acha o ar, retoma o fôlego depois de se debater tanto. Por dentro tudo treme, os ossos doem implorando por descanso. Você passa a palma das mãos sobre os olhos apertando, tentando dali retirar algum entendimento, alguma explicação. Tanto tempo se passou. O medo se acumulou. Pilhas e pilhas de abandono. Uma coleção inteira e bem sofisticada chamada solidão. Mas finalmente você respira. ´Você já passou por isso tantas vezes que nem mais se espanta. Recosta teu corpo no velho sofá, ascende um cigarro, olha de longe a garrafa na estante e exercendo uma força descomunal declina seu corpo pra frente. Acaba mesmo ficando ali, não se mexe, só desloca a estrutura carnal deixando a pobre alma exausta no sofá. E a unica pergunta que se repete em sua mente é - “Será que agora vai ser diferente?

( Elisa Barlett )

Seja você mesmo, porque ou somos nós mesmos, ou não somos coisa nenhuma.



Somos um, mas somos vários, num mesmo, num só, num único corpo-espaço, somos um e um milhão, num suposto coração que guarda por dentro o prazer de estar quase todo pro lado de fora, quando bate e explode pro mundo o tudo que tem aqui nesse nosso corpo todo cheio de coisa, todo louco pra fugir do sufoco que é guardar o todo dentro da gente. É por isso que a gente se reparte e faz de tudo um pouco, correndo num infinito corredor cheio de portas abertas, voando mesmo sem asas, suspirando mesmo sem vento e amando mesmo sem ser amado. O tempo é vasto e rápido, a vida é breve, mas leve e boa. Num piscar ou num olhar, a vida voa pro lado de lá e, depressa, a gente tenta alcançar a pressa de ser um só, quando o que resta é a beleza de sermos muito mais que um. Sejamos, então, mais. Sejamos o que somos: soma.

( GIOVANNA ZAMBIANCHI )
( Título: Machado de Assis )

sábado, 25 de maio de 2013

Estou cansada da rotina de me ser.



Não tenho nem o direito de invadir espaços que não são meus. Não sou uma divindade, tampouco juíza. Por isso, me recolho. Sou um grão de areia no meio dessa imensidão toda. E não admito que alguém dê palpite na minha vida, que nada tem de perfeita. Tenho reticências que vivem pegando no meu pé, alguns parágrafos incompletos, frases que começam sem nexo, textos que não se desenvolvem, ideias que mudam de lugar, pontos finais e sílabas que não se casam. Tenho lá minhas melancolias, minhas músicas bregas, meus choros inexplicáveis, meu humor que anda de gangorra, meus momentos de surto e solidão. Porque sou humana. E isso explica tudo.

( Clarissa Corrêa )
( Título: Clarice Lispector )

Então ele sorriu pra mim, e tudo aquilo que me atormentava, se foi.



Ela dormia com o cabelo espalhado pelo travesseiro e a bochecha apoiada na mão. Naquele instante ele achou que jamais havia visto nada tão pacifico, mas é claro que ela só estava dormindo, como qualquer outra pessoa dormiria. Não tinha sido a paz dela que o surpreendera, mas a dele próprio. A paz que sentia ao estar com ela era diferente de tudo que já houvesse conhecido.


( Cassandra Clare )

As palavras pouco valem se não são acompanhadas de ações.



Não sou capaz de falar metade das palavras bonitas que guardo para muitas pessoas. Não sei se você me entende, mas dizer palavras bonitas não depende somente de nós. Porque o outro precisa entrar na sintonia, sentir como nós, receber da mesma forma que estamos enviando. Entende isso? As palavras precisam fazer valer, e nem sempre me arrisco a desperdiçá-las.

CAMILA COSTA  )
( Título: Filme: Sucker Punch )

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Existe uma galáxia inteira no seu piscar de olhos.


( Título: Arcádio )

Be brave . '




Ela gosta da palavra sorriso e solta-os por todos os cantos, sem perder a esperança de que um dia eles se tornem realmente sinceros. Em sua pequena redoma de cristal e aço, ela mal pode compreender o mundo, mas de alguma forma soube onde queria chegar, de alguma forma ela escolheu não ter raízes, de alguma forma ela escolheu crescer, mesmo que intimamente. É uma mistura de reflexo e inversão de mim. É tão delicada, tão desastrada, tão apaixonante, tão impactante. Dona de olhos comparáveis a abismos , que ocultam a história de uma borboleta que não pode voar. Não a magoe, não a machuque, não a subestime, não fira sua honra, não roube seu coração, a menos que vá curá-lo, não se aproxime dela se não pretende compreender seus múrmurios recônditos e sorrisos inócuos. Não existia no universo desta mulher, se não for modificá-lo.

( Autor Desconhecido )

♫' Sua ausência fazendo silêncio em todo lugar.





Ela é sozinha, porém, mais importante que todas vós, pois foi ela que eu reguei. Foi ela que pus sob a redoma. Foi ela que abriguei com o para-vento. Foi por ela que matei as larvas (exceto duas ou três, por causa das borboletas). Foi ela que eu escutei se queixar ou se gabar, ou mesmo calar-se algumas vezes, já que ela é a minha rosa.

( Livro: O Pequeno Príncipe )
( Título: O Teatro Mágico )

Seja você mesmo, porque ou somos nós mesmos, ou não somos coisa nenhuma.


A solidão em si é muito relativa. Uma pessoa que tem hábitos intelectuais ou artísticos, uma pessoa que gosta de música, uma pessoa que gosta de ler nunca está sozinha. Ela terá sempre uma companhia: a companhia imensa de todos os artistas, todos os escritores que ela ama, ao longo dos séculos.

( Carlos Drummond de Andrade )
(Título: Machado de Assis )

terça-feira, 23 de abril de 2013

Afinal, quantas lágrimas são necessárias para se afogar um coração?

( Imagem: Desconhecido )


( Título: Guilherme )

Cheguei no fundo do poço. Me falta até mesmo o entusiasmo pra chorar.




Não chega a ser uma vida de merda, mas também não é uma vida plena. Como fiquei tão limitado? Antigamente eu tinha coragem. Onde foi parar a minha coragem? Os homens ficam mesmo velhos?

( Charles Bukowski )
( Título: Annd Yawk )

Aquele abraço era o lado bom da vida.

( Imagem: Desconhecida )

( Título: Tati Bernardi )

No final a gente acaba fazendo mais coisas por tesão do que por amor.



Quero que se lembre disso quando as coisas ficarem quentes. — Segurou seu rosto entre as mãos e a aproximou mais de seu corpo. O intenso resplendor de seus olhos disse a Kimber o muito que desejava beijá-la. — E esquentarão, Kimber. 
Um calafrio ardente a atravessou. 
— Nem esquecerei, nem mudarei de opinião. 
Não cederei quando me implorar
Kimber se soltou de seu agarre. 
— Quando te implorar? 
«Oh, Deus, alguém tem muita fé em suas proezas».


( Livro: Wicked Lovers 2 - Fantasia Proibida - ShaylaBlack )
( Título: Soulstripper )

Pedi pro tempo me ajudar, ele começou a rir e me ofereceu uma bebida.




- Como andas?
- Com as pernas.
- Interessante.
- O quê?
- Teu uso da ironia para esquecer a dor.


Camila Reis )
( Título: Soulstripper )

Coloquei minhas mentiras no diário para viver as verdades em segredo.


Não olharei para trás, para não prometer a volta. Não olharei para os lados, para não ameaçá-la com a dúvida. Adeus, meu amor! Na primeira recaída, procurará o número na agenda. Não estava em sua agenda. Não se anota amores na agenda. Na segunda recaída, perguntará o que faço aos conhecidos. As demais recaídas serão como soluços depois de tomar muita água. Adeus, meu amor. Terá filhos com outros homens. Terá insônia com outros homens. Desviará de assunto ao escutar meu nome. Adeus, meu amor.

( Autor Desconhecido )
( Título: Fabrício Carpinejar )

E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz.





Eles terminam, mas ainda se amam, por vingança ou mera vaidade, ele decide se entregar a primeira que passa pra mostrar o quando aquilo não o afeta, mas o afeta, e nem percebe que está procurando uma história que não convêm pra nenhum dos lados. Ela sente uma certa inveja por saber que ainda sente algo por alguém que parece não se importar com isso, mas agora ele está com outra, e ela finalmente percebe seu coração fora do lugar. (...) Imbecil. Vive com a certeza de que deixou pra traz não só um relacionamento, mas a certeza de uma felicidade absoluta. Ele nunca disse a falta que ela faz, a história sempre se conclui com dois idiotas orgulhosos que vivem na saudade, mas não admitem o quanto precisam um do outro.

( Autor Desconhecido )
( Título: Tati Bernardi )

domingo, 13 de janeiro de 2013

Eu me escondi dentro de mim.



                     Sabem tão pouco de mim. Eu escrevo? Ah, sim, quase na mesma temporalidade em que respiro. Caminho devagar? Tenho um probleminha no pé, olhe melhor que você perceberá. Tenho o olhar vago? Esse é velho, já deveriam saber. Leio com os mais gritantes barulhos? Eu gosto de histórias além da minha, concentro-me rápido nelas para me esquecer. Não sei abrir o coração? É falha da vida, sabe? Ela ainda não me apareceu com a chave correta. Eu durmo pouco e não sei falar de mim? Tudo mania velha. Eu me formei faz um tempinho na faculdade dos jeitos estranhos de ser. Agora, tem que me aceitar assim, e entender que saber de mim sempre será pouco. Eu sempre vou trancafiar um sentimento, segredo ou passado. Eu vivo me escondendo até de mim. Mas posso garantir que tenho bom coração. Eu amo quem eu amo acima das confissões nunca feitas de mim. Amo por me amarem sabendo que pouco me conhecem.

( Camila Costa )
( Título:  O Diário de Anne Frank )

O fim virou começo. E eu me permiti começar.

           Vou porque preciso conhecer o mundo. Vou porque as fotografias não me satisfazem: preciso dos ares, dos arredores, dos autores. Mais do que a história de cada lugar, preciso conhecer quem narra o que é escrito. Conhecer as distâncias e fazer parte do dia-a-dia, ser vizinha de seu povo, me perder em suas ruas, tropeçar em suas pedras, provar da sua comida e falar sua língua. Ser meretriz em Barcelona, apaixonada em Veneza, livre em Paris. Me casar em Dublin, ser traída em Moscou, esquecer em Roma. Ter um apartamento grande com quartos e salas inúteis, um apartamento pequeno onde cada canto é casa, uma casa com sacada e janelas enormes que dão pro jardim.

É por isso que eu preciso ir embora. As roupas já não me cabem, o corpo já não me veste. O que eu sei já não me conforta. Sou doente de mim mesma e só consigo ser feliz quando deixo todas as minhas certezas e parto pro desconhecido. Porque partir é mais do que abandonar as origens, é se originar em outro canto e eu me reinvento todos os dias.

Vou porque o que tá lá fora me chama. Vou, nem que seja pra descobrir que meu lugar é aqui.


( Verônica H. )

Escrevo para não falar sozinho.




Bem feito, quem mandou acreditar nas pessoas? Já falei, elas nos desapontam todos os dias.

( Clarissa Corrêa )
( Título: Cazuza )

Eu sei que é dificil manter sua fé com tanto demônio ao redor.




A chatice ronda toda e qualquer conversa: e os namorados? - pergunta sua avó meio surda (mas sabendo usar bem o plural). E o trabalho? - indaga aquele parente distante querendo parecer interessado. Quando vai casar? Quando vai ter filho? Você sorri e responde, apenas. No fundo, queria dizer “e você, quando vai parar de ser inconveniente e chato?”. Acontece nas melhores famílias.

( Clarissa Corrêa )

Inteira.



Imprimo o que me contém.

Não espere que eu seja contida. Minhas emoções extravasam minhas bordas, borbulham na superfície, transbordam de mim. 
Expresso o que me toca. Não me peça pra ser impassível. Sou feita de sentir. E meu sentir faz bagunça, sobe no palco, salta do peito. Gosto de viver assim: des-me-di-da-men-te-a-pai-xo-na-da. 
Quisera eu, ser feita de silêncios. Daqueles que restauram e espelham. Daqueles que traduzem. Tem muito barulho por aqui. Tem o riso solto, a alegria escancarada, a música alta. Tem a vontade de realizar e uma implicância danada com essa coisa de se bastar. Uma fé infantil no futuro. 
Sou feliz e grata com a vida que tenho mas vivo seguindo o conselho de Fernando Pessoa: não acostumo com o que não me faz feliz e revolto-me quando julgo necessário.  
Não sei fingir sentimentos. Não sei ensaiar simpatia. Ainda não aprendi a ignorar o que me ofende, me acomodar com o que incomoda, usar o silêncio como suposta superioridade e pseudo-atestado de controle. Jamais conseguiria, vivo à flor da pele, obedeço o coração. Meu riso será indecente quando surgido, meu questionamento será inevitável quando provocado, meu choro, um convite: me conheça. 
Me faça surpresas, me leve para ver o pôr do sol. Sou cativada por detalhes, uma encantada por pequenices. Me escreva qualquer frase que combine com o seu querer, apareça do nada e me presenteie com cheiros, com cores, com vinho, com móbiles e palavras. Não é difícil me fazer sorrir.
Não me queira cética. Acredito em milagres, em intuições, em abraços e em declarações de amor. Desacreditar seria desistir, seria entristecer. E eu recuso todo e qualquer convite da tristeza. Alegria é o que me inspira. Emoção o que me traduz. Acreditar é o que explica a minha vida. 
Me faça convites, me conte uma história. Vamos deitar numa pedra e admirar o céu sem procurar saber da hora. Meu relógio pára numa prosa em boa companhia.
Espere de mim ideias, perguntas e também respostas. Respostas gentis, atenciosas, debochadas ou tortas. Tem opção para todos os gostos e reciprocidade para todos os gestos. Mas não espere de mim amarguras. Não confunda a minha receita. Tenho doses de doçura e pimenta para muitas porções, mas nunca cultivei o rancor.  
Espere de mim o perdão, o pedido e o concedido. Sei reconhecer minhas falhas e acredito em qualquer um até mesmo depois que me prove o contrário. Sei dar segunda chance a quem merece, a quem faz valer a caminhada. E assumo todos os riscos. Prefiro assim do que me confortar com serás. Sou adepta do tentar e também do refazer. 
Conte comigo, te dou meu ombro e minha sinceridade. Chegue mais perto, pegue na minha mão. Divido meus sonhos contigo, te empresto meus discos e meus livros. Me dê conselhos, me dê espaço. Repouso no teu colo e te conto a minha história. Tenho essa mania errante de me espalhar por aí. 
Não tenho muita paciência, releve esse meu pesar. Não tenho vocação pra viver a conta-gotas. Me instigue mas não me provoque tanto. Me queira serena, quieta, satisfeita. Tenho febres elevadas, desejos insaciáveis, tenho coragens infinitas quando desafiada. 
Tenho a mania de deixar o desaforo da porta pra fora. Sabe aquele texto da Martha Medeiros que diz: "Não grite comigo. Tenho o péssimo hábito de revidar"? Pois é. Se eu pudesse, estenderia a mão e diria a autora: bate aqui. Meu maior defeito talvez seja este. Minha defesa primeira. 
Conte com a minha bondade, abrace o meu afeto mas não subestime a minha mansidão. Não apronte comigo contando com a minha suavidade. Ainda não aprendi com a sabedoria daqueles que deixam pra lá, não compactuo com aqueles que se contém corroendo por dentro. Nessas horas extravio a educação bonita que mamãe me deu e sigo concordando que respeito é pra quem tem. 
Pareço vento e de repente eu seja mesmo. Mas veja, sou simples de se capturar. Meu parecer talvez seja este: eu simpatizo com os urgentes e me recolho na intensidade. Suplico a paciência e enlouqueço na espera. O talvez não me responde, o quase não me convence, o "não sei" me sufoca o peito e me arde toda.  
Eu vivo é de quereres, insaciáveis e emergentes. Reciclo minhas coragens e não confiro a temperatura da água. Eu mergulho. Inteira. E descubro que sei nadar.

( Yohana Sanfer )