heeey apple :B

" (...) Por que no fundo eu sei que a realidade que eu sonhava afundou num copo de cachaça e virou utopia. "





quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Se você não se atrasar demais, posso te esperar por toda a minha vida ...




Há certas horas, em que não precisamos de uma paixão desmedida; não queremos beijo na boca e nem corpos a se encontrar na maciez de uma cama. Há certas horas, quando sentimos que estamos pra chorar, que desejamos uma presença amiga, a nos ouvir paciente, a brincar com a gente, a nos fazer sorrir. Alguém que ria de nossas piadas sem graça. Que ache nossas tristezas as maiores do mundo. Que nos teça elogios sem fim e que apesar de todas essas mentiras úteis, nos seja de uma sinceridade inquestionável. Que nos mande calar a boca ou nos evite um gesto impensado. Alguém que nos possa dizer: acho que você está errado, mas estou do seu lado, ou alguém que apenas diga: Sou seu amor. E estou aqui.

( William Shakespeare )

Se vale a pena possuir, vale a pena esperar.



você não consegue manter seus olhos ou as mãos longe dela, estou certo? isso não é amor, é desejo. você está orgulhoso, ansioso para mostrá-la? isso não é amor, é orgulho. você gosta dela porque você sabe que ela está lá? isso não é amor, é solidão. você continua com ela por causa de suas confissões de amor, porque você não quer machucá-la? isso não é amor, é piedade. você perdoa os erros dela porque você se importa com ela? isso não é amor, é amizade. você diz pra ela todos os dias que ela é a unica pessoa em quem você pensa? isso não é amor, é mentira. seu coração quebra e dói quando ela está triste? então é amor. você continua com ela porque uma cegante, incompreensível mistura de dor e conexão puxa você pra perto e te segura lá? então é amor. você aceita os erros dela porque são parte de quem ela é? então é amor. você se sente atraído à outros, mas continua com ela fielmente e sem se arrepender? então é amor. você daria à ela seu coração, sua vida, até a morte?

( Autor Desconhecido )

Nunca desista de algo que você não pode passar um dia sem pensar.


-Você tem um cigarro?
-Estou tentando parar de fumar.
-Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
-Você tem uma coisa nas mãos agora.
-Eu?
-Eu.

( Caio Fernando Abreu )

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Ele me perguntou uma vez o porque dele ser o dono do meu coração; bem na hora eu não respondi, me calei. Talvez por vergonha de me expressar com palavras, talvez por medo de assumir um sentimento que eu ainda não compreendia direito.
Hoje ele já não faz mais parte da minha vida, por minha culpa admito. Ele se foi sem eu conseguir lhe responder. Mas o sentimento ainda está aqui; não se foi com ele. Ficou só pra poder pertubar minha existência me lembrando de como eu posso ser estúpida, infantil, idiota. E o pior? Dói. Dói até os ossos; me queima as entranhas.
Por isso, mesmo que ele não leia, mesmo que ele não veja, mesmo que ele não sinta, eu preciso por um pouco desse sentimento, dessa angústia pra fora do meu peito. Então, por que ele era, ou melhor, porque ele é o dono do meu coração?
Aconteceu! Simples assim. Aconteceu em um dia em que eu não esperava que nada acontecesse. Ele chegou e juntou todos os meus pedaços com um único abraço,e m apenas um pegar de mãos. E ali, do lado dele eu pude sentir que tudo iria dar certo. No meio da tempestade da minha vida, ele foi a paz, como se ao seu lado eu pudesse estar a três metros acima do céu. Um lugar nosso. Um presente.
Não tenho uma explicação lógica para a pergunta dele. Até porque não tem lugar pra lógica quando se fala em sentimentos, em especial esses sentimentos que eu só senti ao lado dele. Sei que é dele meu coração. Sei que é só ele a motivação da minha vida.

Te amo meu João Bobo. Pra sempre vou te amar.

( Vélciane )

Em algum lugar no tempo nós ainda estamos juntos; pra sempre ficaremos juntos. ♪




Amor que é amor dura a vida inteira, se não durou é porque nunca foi amor. O amor resiste a distância, ao silêncio das separações e até as traições. Sem perdão, não há amor. Diga-me quem mais você perdoou na vida e então eu saberei dizer quem você mais amou. O amor é a equação onde prevalece a multiplicação do perdão. Você o percebe no momento em que o outro fez tudo errado e mesmo assim você olha nos olhos dele e diz: "Mesmo fazendo tudo errado, eu não sei viver sem você. Eu não posso ser nem a metade do que sou se você não estiver por perto." O amor nos possibilita enxergar lugares do nosso coração, que sozinhos jamais poderíamos enxergar.

( Padre Fábio de Melo )

♫ (...) o importante é que emoções eu vivi.


Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente, eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Prá te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida.


( Tom Jobim; Vinícius de Moraes )

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Acertei o caminho não porque segui as setas, mas porque desrespeitei todas as placas de aviso.

Eu sei que sou exatamente o que 98% dos homens não gosta ou não sabe gostar (apesar de eles nunca me deixarem em paz).
Eu falo o que penso, abro as portas da minha casa,
da minha vida, da minha alma, dos meus medos.
Basta eu ver um sinal de luz recíproca no final do túnel
que mando minhas zilhões de luzes e cego todo o mundo.
Sou demais. Ninguém entende nada.
E eles adoram uma sonsa. Adoram. Mas dane-se.
Um dia um louco, direto do planeta dos 2% de homens, vai aparecer.

( Tati Bernardi )

Ora, qualquer representante do sexo masculino com mais de treze anos sabe como as mulheres podem ser insensíveis, cruéis, canalhas e manipuladoras.



- Alô!
- Mor onde você está?
- Escuta aqui eu tô na casa de um amigão, tô tomando um cervejão,
tô jogando um poquerzão e não vô agora não!
- Relaaaxa mor, só liguei pra avisar que eu to na casa da vizinha,
tomando uma caipirinha, ta rolando a maior festinha, vou chegar de manhãzinha.
E a propósito, não vou dormir sozinha!

domingo, 26 de setembro de 2010

Quando alguma coisa importa, tudo se torna importante.



(...) é difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada; é difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre; é difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar; se você errou, peça desculpas. é difícil pedir perdão? mas quem disse que é fácil ser perdoado? se alguém errou com você, perdoe-o! é difícil perdoar? mas quem disse que é fácil se arrepender? se você sente algo, diga é difícil se abrir? mas quem disse que é fácil encontrar alguém que queira escutar? se alguém reclama de você, ouça; é difícil ouvir certas coisas? mas quem disse que é fácil ouvir você? se alguém te ama, ame-o; é difícil entregar-se? mas quem disse que é fácil ser feliz? nem tudo é fácil na vida. mas, com certeza, nada é impossível precisamos acreditar para que nossos sonhos tornem-se realidade.


Afinal ... quem disse que ia ser fácil?


A vida não teria graça nenhuma se fosse só de momentos bons,fácil , aqueles fracos.. Pois quanto mais ela nos desafia mais queremos vencê-la!

( Cecília Meireles )

A aproximação, do que quer que seja, se faz gradualmente e penosamente - atravessando inclusive o oposto daquilo que se vai aproximar.


Ele tentava esquecer uma mulher chamada Rita. Conforme o uísque diminuía na garrafa, Rita misturava-se aos poucos com outra chamada Helena, ele repetia como-amei-aquela-mulher-nunca-mais-nunca-mais, enquanto ela sentia algum ódio, mas não dizia nada, toda madura repetindo isso-passa-questão-de-tempo-tudo-bem. Para espanto dele, ela falou o nome daquele homem de antes, de outros também, Alexandre, Lauro, Marcos, Ricardo - ah, os Ricardos: nenhum presta - e ele também sentiu certo ódio, nada de grave, normal, tempos modernos, mero confronto de descornos. Falaram então sobre as paixões, os enganos, as carências e todas essas coisas que acontecem no coração da gente e tudo, e nada. Dançaram de novo. Ele achava tão bom debruçar o rosto naquela curva do pescoço dela. Ela achava um pouco forte estar-se exibindo assim com um homem afinal desconhecido debruçado desse jeito no pescoço dela, mas encostava mais e mais a bacia na bacia dele - a pelve, a pelve, repetia, mentalmente ensaiando passos de dança e-um-e-dois-e-três -, um homem tão abandonado e limpinho cheirando não sabia ainda se a Paco Rabanne ou Eau Sauvage, seria Phebo? cheiro de homem direito decente e porra caralho: afinal, estavam de férias. E livres, mas esse maldito vírus impõe prudência. Ela deixou que a mão dele descesse até abaixo da cintura dela. E numa batida mais forte da percussão, num rodopio, girando juntos, ela pediu:



- Deixa eu cuidar de você.


Ele disse:


- Deixo.


Assim foram pelos dias, que não eram muitos mais. Quatro, cinco, nem uma semana. Caminhavam descalços na areia, à noite, à beira-mar - juro. Devagar, as mãos se tocavam: a tua é tão longa, a tua tão quadrada. Ele não queria entrar noutra história, porque doía. Ela não queria entrar noutra história, porque doía. Ela tinha assumido seu destino de Mulher Totalmente Liberada Porém Profundamente Incompreendida E Aceitava A Solidão Inevitável. Ele estava absolutamente seguro de sua escolha de Homem Independente Que Não Necessita Mais Dessas Bobagens De Amor. Caminhavam assim, lembrando juntos letras de bossa-nova. Nada sabiam de punks, darks, neons, cults, noirs. Eram tão antigos caminhando de mãos dadas naquela areia luminosa, macia de pisar quando os pés afundam nela lentamente. Carne de lagosta, creme, neve. Tão bom encontrar você, um cantinho, um violão.
Beijavam-se depois com certa ardência excessiva na porta do bangalô dela. Ou dele, quando ele bebia demais e não segurava, mas isso era tolerável, embora frequente. Na boca, só umas três vezes. A lua era tão cheia, eles tão tímidos. De língua, uma única. Meio contraídos - ele tinha uma ponte fixa do lado esquerdo superior; ela, um pino segurando um pré-molar do lado direito inferior. Ele a achava tão digna e superior, ela o achava tão elegante e respeitador. E pensavam: isto é uma historinha de férias, não leva a nada, passatempo. Se ele tivesse amigos por ali, diriam come essa mina logo, cê tá marcando, cara. Se ela tivesse amigas ali, brincariam de bruxas de Eastwick, discutiriam cheiros, volumes, investigariam saldos no talão de cheques. Sem ninguém, na real: ele a deixava ou ela o deixava. Era só, depois iam dormir. Então sonhavam um com o outro no escuro cinco estrelas de seus bangalôs com antena parabólica.
Ela deita de costas na cama, ele pensava, só de calcinhas. Ela tem seios pequenos que ele fecharia dentro das duas mãos, como quem segura duas maçãs daquelas verdinhas. Eu deito por cima dela, afundo a cabeça no seu ombro. Ela passa a mão direita por trás das minhas costas, me lambe na orelha, passa a mão nas minhas costas, vai descendo, arranha sem machucar, ela tem as unhas curtas, até em cima da minha bunda, então começa a descer a minha cueca, eu fico sentindo meu peito apertado contra os seios miúdos dela, enquanto ela continua a descer devagarinho a minha cueca e eu começo a sentir também a pressão de meu pau contra seu umbigo, até a cueca chegar aos joelhos e eu comprimo meu pau contra sua barriga, então ela diz gracinha-gracinha, e quando a cueca chega nos meus tornozelos eu a expulso para o meio do quarto com um pontapé e fico inteiro nu contra ela que está quase inteiramente nua também, porque vou descendo sua calcinha devagar enquanto digo: minha mãe, irmã, esposa, amiga, puta, namorada - te quero.
Ele vem por cima de mim, ela pensava, enquanto o espero deitada na cama. Ele afunda em cima de mim como um bebê que quisesse mamar no meu seio que então empino, oferecendo o bico duro a ele. Ele passa a mão por trás das minhas costas que arquejo um pouco, para que ele possa me apertar pela cintura, enquanto me afundo mais no corpo dele, e desço suas cuecas devagar até que ele as jogue com um pontapé no meio do quarto ao mesmo tempo em que sua mão na minha cintura desceu minhas calcinhas até jogá-las no meio do quarto. Então nos apertamos inteiramente nus um contra o outro, enquanto ele entra em mim, tão macio, e ele me diz você é a mulher que eu sempre procurei na minha vida, e eu digo você é o homem que eu sempre procurei na minha vida, e nos afogamos um no outro, e nos babamos e lambuzamos da baba da boca e dos líquidos dos sexos um do outro enquanto digo: meu pai, irmão, marido, amigo, macho, príncipe encantado - te quero.
 
( Caio Fernando Abreu )

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Amo mais do que posso e, por medo, sempre menos do que sou capaz… Quando me entrego, me atiro e quando recuo não volto mais.


E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. Destruir antes que cresça. Com requintes, com sofreguidão, com textos que me vêm prontos e faces que se sobrepõem às outras. Para que não me firam, minto. E tomo a providência cuidadosa de eu mesmo me ferir, sem prestar atenção se estou ferindo o outro também. Não queria fazer mal a você. Não queria que você chorasse. Não queria cobrar absolutamente nada. Por que o Zen de repente escapa e se transforma em Sem? Sem que se consiga controlar.

( Caio Fernando Abreu )

E continuava a chorar - exposta, imoral, escandalosa - sem se importar que a vissem sofrendo.



Eu nunca mais o tinha visto. É engraçado como nossas lembranças costumam ser generosas com os nossos lembrados ... E, no entanto, ele é um homem cheio de significados na minha vida. O encontrei por um acaso cruzando a avenida, e ao se materializar na minha frente, virou apenas um estranho, nada mais que isso. Ele comentou alguma coisa sobre estar.... mas eu nem ouvi direito o que ele disse, fiquei olhando pra, sua boca e pensando: eu beijei tantas vezes esses lábios, eu fiquei nua tantas vezes entre esses braços, trocamos carícias e, passado um tempo, puf: viramos duas pessoas profundamente desconhecidas ... Eu nunca havia pensado nisso, em como é incômodo estar diante de uma pessoa com quem se trocou emoção intensa e depois cruzar com ele na rua e dizer apenas: tudo bem?

( Martha Medeiros )

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Afinal, de quantas outras formas um coração podia ser quebrado e ainda continuar batendo?



Não é tão ruim! Não é tão ruim! , minha mente tentava me confortar. Era verdade. Não era tão ruim. Não era o fim do mundo, não de novo. Era só o fim daquela pequena paz que havia ficado para trás. Era isso.
Não é tão ruim, concordei, depois acrescentei: mas é ruim o bastante.
Pensei que Jake estivesse curando o buraco que havia em mim - ou pelo menos o estivesse cobrindo, impedindo que me doesse tanto. Eu estava errada. Ele estava apenas cavando um buraco só dele, e agora eu estava furada como queijo suíço. Imaginei por que eu não me desfazia em pedaços.

( New Moon - Stephenie Meyer )

Proibida de lembrar, com medo de esquecer; era uma situação limite.



-Vou me cuidar - sussureei.
Ele pareceu relaxar um pouco.
- E em troca, vou lhe fazer uma promessa - disse ele. - Prometo que esta será a última vez que vai me ver. Não voltarei. Não a farei passar por nada como isso novamente. Você poderá seguir sua vida sem qualquer interferência minha. Será como se eu nunca tivesse existido.

( New Moon - Stephenie Meyer )

estou deixando você amor. mas esteja certo que
eu jamais esquecerei tudo que me fez sentir.
você foi meu milagre pessoal.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Eu - eu sou a minha própria morte. E ninguém vai mais longe.



Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.


( Clarice Lispector )

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Tento compor o nosso amor dentro da tua ausência. Toda a loucura, todo o martírio de uma paixão imensa. ' ♪

 
 
''O Amor não enxerga com os olhos, e sim com a mente, e por isso pinta-se cego o cupido alado. Tampouco a mente do Amor tem faro para qualquer discernimento. Com asinhas e sem olhos, representa a pressa da imprudência. Dizem, portanto, que o Amor é uma criança; porque, ao escolher, ele é tantas vezes enganado. Como meninos travessos numa brincadeira quebram as próprias promessas, assim o menino Amor comete perjúrio em todo o canto. Pois, antes de Demétrio olhar nos olhos de Hérmia, ele fazia chover sobre mim juras de amor, promessas de que era meu e de mais ninguém. Quando esta chuva sentiu o calor por Hérmia desprendido, evaporou-se, e minhas lindas gotas de amor viraram fumaça".
 

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Toda vida é tempo de cada sentimento. Ser tingido por mundos cantados e mudos, tão nossos e em nada traduzidos.



Igualzinho ao que acontece com todas as pessoas, num trecho ou outro da estrada, eu já senti tanta dor que parecia que os golpes haviam me quebrado toda por dentro. Não sabia se era possível juntar os pedaços, por onde começar, nem se o cansaço me permitiria movimentos na direção de qualquer tentativa. Quando o susto é grande e dói assim, a gente precisa de algum tempo para recuperar o fôlego outra vez. Para voltar a caminhar sem contrair tanto os ombros e a vida. Um espaço para a gente quase se reinventar.
O tempo passa. O fôlego retorna. Parece milagre, mas as sementes de cura começam a florescer nos mesmos jardins onde parecia que nenhuma outra flor brotaria. A alma é sábia: enquanto achamos que só existe dor, ela trabalha, em silêncio, para tecer o momento novo. E ele chega.

( Ana Jácomo )

A alma resiste muito mais facilmente às mais vivas dores do que à tristeza prolongada.



(...) A lembrança dói. Meu cérebro tenta descobrir onde fica exatamente a dor, mas logo desiste, porque tudo dói. Estou cansada de viver como se já fosse uma pessoa adulta e madura. Gostaria de voltar a ser criança – uma garotinha de seis anos que caiu da bicicleta. Gostaria de fazer cara de choro e correr aos berros para a cozinha, onde minha mãe me ergueria do chão, me daria um forte abraço e beijaria meu joelho esfolado. Eu pararia de chorar e tomaria leite com chocolate para a dor passar. Essa é uma das coisas que as pessoas não nos ensinam quando falam de crescer: como lidar com as dores que não passam com um beijo.
( Soul Love - A noite o ceu é perfeito )

terça-feira, 14 de setembro de 2010

If he loves you, set your heart on fire. ♪



Xingue, esbraveje, cuspa fogo na cara de quem não tem paciência de se redimir e nem culhões para se entregar. Porque a cada namoro que ele começa por impulso, como quem troca de cuecas, ele acaba com uma parcelinha sensível do coração de alguém. E ele sabe disso. Eles sempre sabem de tudo, mas fazem porque o pinto manda. O pinto deles é sempre de ouro.

( Rani Ghazzaoui )

domingo, 12 de setembro de 2010

♪ Eu preciso dizer que eu te amo...

 Eu queria ver no escuro do mundo

Aonde está o que você quer
Pra me transformar no que te agrada
No que me faça ver
Quais são as cores e as coisas pra te prender
Eu tive um sonho ruim e acordei chorando
Por isso eu te liguei


Será que você ainda pensa em mim?
Será que você ainda pensa?


Ás vezes te odeio por quase um segundo
Depois te amo mais
Teus pêlos, teu gosto, teu rosto, tudo
Tudo que não me deixa em paz.
Quais são as cores e as coisas pra te prender?
Eu tive um sonho ruim e acordei chorando
Por isso eu te liguei


Será que você ainda pensa em mim?
Será que você ainda pensa?



( Cazuza )

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A nossa música nunca mais tocou! ♫



Sapato baixo, calça larga e cabelo preso. Esquentou e seus ombros tensos agradecem. Que cara bonita é essa? Já logo no elevador. Ah, devo ter dormido bem. Bom dia, bom dia. Olha, você está muito bonita hoje. Um fala, outro concorda. E pelos corredores, sorrisos dão continuidade aos elogios. O que é? Que segredo ela guarda? Que novidade é essa? Na cozinha perguntam: novo amor? No estacionamento perguntam: voltou com alguém? No restaurante, na hora do almoço: é alguém novo? Cruza com um namorado antigo “nossa, você tá muito... é o quê? Sexo? A noite toda? Conta, vai, eu agüento ouvir”. Contar o quê? No espelho, enquanto escova os dentes, fecha os olhos e sabe pra si o segredo: ninguém. Não gostar de ninguém. Nada. Nem um restinho de nada. Nem de tudo que acabou e nem de nada que possa começar. Nada. Pouco importa qualquer outra vida do mundo. Não é nem pouco, é nada mesmo. Um dia inteiro para achar gostosas coisas bobas como um pacote de pipoca doce, um tênis pink ou a hora do banho quente com músicas recém baixadas e o tapetinho vermelho. Um dia inteiro sem escravidão. O celular, o e-mail, o telefone de casa, o ar, o interfone, a rua. São o que são e não carrascos que nada dizem e nada trazem. Um coração calmo, se ocupando de mandar sangue para as horas felizes de trabalho, estudo, yoga, massagem, dormir, bobeiras, pilates, comer, rir, cabelo, filmes, comprar, trabalhar mais, ler, amigos . É isso. Uma agenda enorme que a ocupa de ser ela e não sobra uma linha de dia pra lamentar existências alheias. Linda, ela segue. Linda e feliz como nunca. O segredo do espelho, escovando os dentes, sozinha, aperta os olhos, segura a alma um pouco sem respirar. Segura a pasta pensando que é um pouco de alma consistente na boca. Não cospe, suporte. Ela pode finalmente suportar seu peso e não dividir isso nem com o ventinho que entra pela janela. Nem com o ralo que a espera boquiaberto. A sensação é a da manhã seguinte que o papai Noel deixava os presentes: não é mentira, é só um jeito de contar a verdade com algum encantamento.

( Tati Bernardi )

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O amor quando é amor é amor.




Talvez o que mais nos assuste quando o amor vem à tona seja essa habilidade que ele tem para revelar os nossos medos todos. As nossas belezas. As nossas feiuras. As nossas sementes que puderam florescer com viço. As nossas sementes que não conseguiram dizer suas flores. As nossas sementes que temem florir. Talvez o que mais nos assuste quando o amor vem à tona seja essa habilidade que ele tem para revelar as nossas borboletas que souberam se desvencilhar dos casulos. As nossas crisálidas apavoradas por se saber com asas, embora sonhem, encantadas, com o néctar da vida. As nossas feras vorazes e ressentidas. Talvez o que mais nos assuste quando o amor vem à tona seja essa habilidade que ele tem para revelar os nossos avanços. A nossa estagnação. Os nossos fracassos. As nossas vergonhas. As nossas vaidades. A nossa arrogância, que muitas vezes não é outra coisa senão um disfarce que o embaraço usa para esconder o conflito por sentirmos tanto afeto sem saber direito como expressá-lo. Como fazê-lo circular.

Talvez o que mais nos assuste quando o amor vem à tona seja essa habilidade que ele tem para revelar a existência de feridas que pensávamos estar cicatrizadas, mas que ele delata sem cerimônia, sem medir palavras, olhando bem dentro dos nossos olhos, que ainda não estão, não. Que algumas bolas de ferro muito antigas continuam presentes, embora, teimosos, tentemos avançar mesmo com elas, arrastando todo o peso do mundo, em vez de escolher a pausa necessária para soltá-las dos nossos pés. Talvez o que mais nos assuste quando o amor vem à tona seja essa habilidade que ele tem para revelar que quanto mais a luz canta, mais a sombra se mostra. Que embora a gente insista em fugir da sombra correndo para debaixo do sol, ela nos acompanha, incansável, até aceitarmos integrá-la. Que precisamos olhá-la com carinho e deixar que caminhe com a gente sem tentar fugir dela.

( Ana Jácomo )

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Encheu meu estômago de borboletas coloridas. Encheu de suspiros a minha alma


Estraga tudo. Mania de ser bom moço, coisa chata. Trate de parar com essa mania horrível de largar seus amigos quando eu ligo. Colabora, pô. Tá tão fácil me ganhar, basta fazer tudo pra me perder. E lá vem ele dizer que meu cabelo sujo tem cheiro bom. E que já que eu não liguei e não atendi, ele foi dormir. E que segurar minha mão já basta. E que ele quer conhecer minha mãe. Com tanto potencial pra acabar com a minha vida, sabe o que ele quer? Me fazer feliz. Olha que desgraça. O moço quer me fazer feliz. E acabar com a maravilhosa sensação de ser miserável. E tirar de mim a única coisa que sei fazer direito nessa vida que é sofrer. Anos de aprimoramento e ele quer mudar todo o esquema. O moço quer me fazer feliz. Veja se pode. E aí passa a maior gostosa na rua e ele lá, idolatrando meu nariz. E aí o celular dele toca e ele, putz, perdeu a ligação porque demorou trinta mil horas pra desvencilhar os dedos do meu cabelo. Não dá, assim não dá. Ontem quase, quase, quase ele me tratou mal. Foi por muito pouco. Eu senti que a coisa tava vindo. Cruzei os dedos. Cheguei a implorar ao acaso. Vai, meu filho. Só um pouquinho. Me xinga, vai. Me dá uma apertada mais forte no braço. Fala de outra mulher. Atende algum amigo retardado bem na hora que eu tava falando dos meus medos. Manda eu calar a boca. Sei lá. Faz alguma coisa! E acabou. Já veio com o papo chato de que me ama, começou a melação de novo. Eita homem pra me beijar. Coisa chata. Minha mãe deveria me prender em casa, me proteger, sei lá. Onde já se viu andar com um homem desses. O homem me busca todas as vezes, me espera na porta, abre a porta do carro. Isso quando não me suspende no ar e fala 456 elogios em menos de cinco segundos. Pra piorar, ele ainda tem o pior dos defeitos da humanidade: ele esqueceu a ex namorada. Depois de trinta anos me relacionando só com homens obcecados por amores antigos, agora me aparece um obcecado por mim que nem lembra direito o nome da ex. Fala se tão de sacanagem comigo ou não? Como é que eu vou sofrer numa situação dessas? Como? Me diz? Por favor, me ajudar? Outro dia até me belisquei pra sofrer um pouquinho. Mas o desgraçado correu pra assoprar e dar beijinho.

( Tati Bernardi )