Quando nasci um anjo esbelto,desses que tocam trombeta,
anunciou: vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada. Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar
mentir. Não sou tão feia que não possa
casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e ora sim, ora não, creio em parto sem
dor. Mas o que sinto escrevo.
Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos- dor não é amargura. Minha
tristeza não tem pedigree,já a minha vontade da alegria, sua raiz vai ao
meu mil avô. Vai ser coxo na vida é
maldição pra homem. Mulher é desdobrável. Eu sou
( Adélia Prado )
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