Os amigos. Entrariam por uma casa em chama para nos salvarem. Mentem por nós à sua própria mãe. Sabem de nós mais do que somos capazes de lhes dizer. Jurariam que à hora do crime estávamos a tomar chá com eles. Mesmo que a polícia nos encontrasse com as mãos cheias de sangue. (São rosas, senhores. Andei com ela a cortar rosas a tarde toda, senhores. Sangues de espinhos, senhores)
(...) É preciso regá-los regularmente: é nos ombros deles que cai toda a água dos nossos olhos. Eles espevitam-nos o sentido de humor quando menos apetece. E depois ficam conosco quando as luzes se apagam e toda a gente foi embora. Só aos amigos é dado o espetáculo de nossa miséria.
(...) É preciso regá-los regularmente: é nos ombros deles que cai toda a água dos nossos olhos. Eles espevitam-nos o sentido de humor quando menos apetece. E depois ficam conosco quando as luzes se apagam e toda a gente foi embora. Só aos amigos é dado o espetáculo de nossa miséria.
( Inês Pedrosa )
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