Você aumenta o I-pod até quase estourar os tímpanos.
Aumenta a carga até quase estourar os joelhos. Seu prazer em estar viva não basta e você toma aquelas químicas da
felicidade prescritas pelo psiquiatra ou por algum amigo que freqüenta
raves. Seu cabelo não basta e você
estoura ele até ficar igual ao da menina da novela.
E você aumenta as horas de corrida conforme aumenta a sua idade. E aumenta os amigos oba-oba porque descobre que quase nunca tem amigos de verdade quando realmente precisa. E aumenta os casinhos e diminui o amor.
E arregala os olhos para dar conta de ver tudo e saber de tudo mas continua acordando com aquele vazio. E o mundo te acompanha ou você acompanha o mundo.
E as escadas rolantes e os elevadores fazem de conta que tudo bem você não saber mais como andar com suas próprias pernas. E os comerciais berram muito na TV porque ninguém escuta mais nada. E seus amigos, casinhos e até o cabeleireiro só falam de si próprios e você não escuta mais nada porque está louco para chegar a sua hora de falar de si próprio.
Você está nas alturas, no topo, no seu melhor. Mas se sente devendo ao mundo. Pouco. Preguiçoso. Menos. Suas funções estão no limite humano. Mas se pudesse, você compraria mais memória pro cérebro e mais bateria pro coração.
O que você não pode ter naturalmente, compra. O que não pode fazer ou falar, usa. O que não pode sentir, imita. O que não pode viver, inventa. E assim você se renova mecanicamente, a casa fase. Como um computador que vira G3, G4, G200.
Mas um dia, depois de não agüentar mais uma vida de vitrine e pessoas querendo barganhar a sua existência, você descobre que não existe nada melhor do que mandar tudo isso para aquele lugar.
E você aumenta as horas de corrida conforme aumenta a sua idade. E aumenta os amigos oba-oba porque descobre que quase nunca tem amigos de verdade quando realmente precisa. E aumenta os casinhos e diminui o amor.
E arregala os olhos para dar conta de ver tudo e saber de tudo mas continua acordando com aquele vazio. E o mundo te acompanha ou você acompanha o mundo.
E as escadas rolantes e os elevadores fazem de conta que tudo bem você não saber mais como andar com suas próprias pernas. E os comerciais berram muito na TV porque ninguém escuta mais nada. E seus amigos, casinhos e até o cabeleireiro só falam de si próprios e você não escuta mais nada porque está louco para chegar a sua hora de falar de si próprio.
Você está nas alturas, no topo, no seu melhor. Mas se sente devendo ao mundo. Pouco. Preguiçoso. Menos. Suas funções estão no limite humano. Mas se pudesse, você compraria mais memória pro cérebro e mais bateria pro coração.
O que você não pode ter naturalmente, compra. O que não pode fazer ou falar, usa. O que não pode sentir, imita. O que não pode viver, inventa. E assim você se renova mecanicamente, a casa fase. Como um computador que vira G3, G4, G200.
Mas um dia, depois de não agüentar mais uma vida de vitrine e pessoas querendo barganhar a sua existência, você descobre que não existe nada melhor do que mandar tudo isso para aquele lugar.
( Tati
Bernardi )
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